Body Electric - Corpo Elétrico

 O longa traz recorte de uma fase da vida em que o diretor nos convida parar dar uma espiada, de uma forma que nós vemos nossa próprias vidas e coisas a quais nós passamos, e quão naturais elas são. 


Elias (Kelner Macêdo) é um jovem gay nordestino de 23 anos que vive em São Paulo. Em seu dia-a-dia, ele se divide entre o trabalho em uma fábrica de confecção de roupas e encontros despretensiosos com outros homens. Com a chegada do fim do ano, a fábrica recebe mais pedidos, a jornada de trabalho aumenta e Elias acaba se aproximando bastante de seus colegas de trabalho.

Ele trabalha como assistente da estilista Diana numa confecção de roupa feminina, mas seu grande sonho é ter sua própria marca. Ao se ver apaixonado por Filipe, um imigrante africano que trabalha na linha de produção, ele começa a organizar festas de equipe para ter motivos extras para encontrar o garoto.

E Ele, vive um momento sem muitas preocupações, afastado de suas origens e disposto a viver novas experiências. Uma das suas aventuras rende um dos melhores momentos do longa, quando ele vai em uma boate e tem a performance da drag Marcia Pantera com um figurino bem RuPaul’s Drag Race! O longa ainda tem direito a planos-sequência bastante interessantes, como quando os personagens andam pela rua, e uma edição de som muito bem realizada.

Visualmente é muito bonito e sem julgamentos. Esperei a grande virada o filme inteiro: discussão sobre sexualidade, trabalho taylorista, exploração... Senti falta de um roteiro mais intenso, com diálogos mais construídos, todo o filme se monta no que mais parece improviso dos momentos entre os atores. Sobre os planos de silêncio, eu gosto bastante. Aquilo mostrado só em imagens é como um imã para a mente buscar referências.  É um filme de imagens e sensações, pena que fique só na epiderme da coisa.


“Corpo Elétrico” é o primeiro longa-metragem de Marcelo Caetano,  representando a realidade de muitos jovens e não deixa as cenas sensuais vulgares. Kelner Macêdo tem um carisma muito lindo deixando seu personagem bem leve, mesmo nas cenas mais ousadas. Outro destaque é Lucas Andrade, que interpreta o espirituoso Wellington, como um contraponto ao personagem de Kelner: os dois roubam várias cenas. 

Corpo Elétrico, além de ser um dos mais ricos e universais retratos da vida pra um LGBT, é um filme essencialmente brasileiro. Ele teve premier no Cine Ceará 2017 e foi selecionado pro Festival de Roterdã de 2017.Corram pro cinema.

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1 comentários

  1. É um filme que foge da premissa de uma narrativa com vários plots, mas se insere como um "filme retrato" e trabalha bem e fluído nas sua intenção em abordar questões da classe trabalhadora e suas fugas diárias, tanto com seus corpos, como em suas relação pessoais que vão além da mecanicidade e obrigatoriedade da relação hierárquica funcionários-patrão.

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@flahvioh