Eu já nem sei quando...

É tempo de abrir o coração, porque tem coisa demais dentro dele e geral tá se apertando por lá...uma hora vai explodir se eu não soltar.
Com tempo as prioridades vão se mostrando cada vez mais necessárias na minha vida. Ainda mais se é no meu caso, onde eu tentei escondê-las embaixo de um lençol branco, grosso e pesado, pra ver se não me pertubavam. Pra ver se eu conseguia, conviver com aquilo que escolhi "viver de..."
Mas, com o tempo essas coisas que escolhi "viver de", numa tentativa fracassada de deixar debaixo dos panos a minha alma de artista e ser gente, mesmo que por vias ainda diferentes, "como todo mundo"... ter uma formação e um trabalho que me dê grana suficiente e certa pra me sustentar...estão sendo um peso
Com tempo, com os meses, com os dias e atualmente com os segundos...isso tudo têm se tornado um saco. É tanta coisa pra fazer! É tanta noite mal dormida, é tanta tarde fugindo das responsabilidades e tantos incomodos físicos e mentais no meu corpo, no meu ser, no meu viver...é pura obrigação sem paixão!
E conclui que sem paixão eu não consigo viver a minha vida...

Tem gritado dentro de mim, a vontade de escrever. Eu vivo escrevendo... descendo as escadas, dentro do elevador, no ônibus, andando pela rua. Escrevo mentalmente, minha mente vive em ebulição com palavras, histórias, poemas, acontecimentos, frases inteligentes eu simplesmente revoltosas...
E as vejo se formando diante dos meus olhos, como num filme.
Tem sido ultimamente, meu único momento de liberdade criativa, todo resto não passa de uma farsa. E desabafo pra minha mente, como se fosse adiantar.
Tenho vontade de acordar as 7, colocar uma roupa e caminhar na praia, abrir os braços diante do sol da manhã, receber toda energia dele. Voltar pra casa e tomar aquele banho e escrever, escrever, escrever, ouvir música e escrever. Talvez dançar pela sala, pelo quarto, ir a um lugar onde dançar. Fazer uma comida gostosa. Ir a aulas de linguas, de pintura, de desenho, quem sabe de fotografia.
Não tenho pedido muito, nem tenho pedido pra viajar...meu coração sente falta das coisas simplórias as quais eu tenho paixão.
Tenho pedido alguém, que não me mande fazer as coisas, mas que me escute e entenda. Alguém que não entre num carro comigo somente pra discutir coisas do dias, mas que ligue o som,bata as mãos na direção e cante alto ao longo do caminho em meio a risadas. Que compartilhe o que é bonito na vida. Que imagine tanto quanto eu e goste disso ao ponto de não achar uma "fuga da realidade".
Se eu fosse um desenho animado ou um personagem infantil, gritaria pra todo mundo "EU NÃO QUERO NADA DISSO!" e sairia correndo...
Não tenho tido nada que me dê real razão para a acordar, porque meu dia-a-dia não tem ação alguma que eu ame. Meu dia-a-dia é uma bola de neve, são os sorrisos forçados, a escuta superficial, o cumprimento de horários e de tarefas não satisfatórias, a preocupação na busca de algo necessário no momento mas que no fundo eu não quero. Vou ter que entrar em mais uma linha de coisas que detesto e tô fazendo, em nome de tentar ser feliz, talvez da maneira errada.
Tenho pensado desde o fim do ano com aperto no coração por saber que perderei os amigos de 3 anos porque é invevitável...mas tenho desejado desde o fim do ano sim, com a esperança de que vou fazer minha vida mudar. Que embora existam todos pontos negativos eu vou conseguir ser mais feliz um tantinho...
As vezes eu penso se vou aguentar... se vou me conformar...
E não durmo mais procurando saídas pra tudo isso, pensando no que fazer, pensando em como eu vou me manter...e me vejo assim, pedindo ajuda de estranhos, me abrindo pra quem mal conheço, chorando só de ouvir coisas bonitas...
Minhas prioridades se embaralharam embaixo daquele lençol e me deixaram confuso. Se eu pudesse voltar atrás, teria deixado as coitadinhas no lugar onde estavam, equilibradas e visivéis...ao alcance da mão, dos pés, dos olhos.
Mas isso faz tanto tempo, eu já nem sei quando...

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@flahvioh