pensamentos
Homem ao mar!
Então eu me pergunto novamente se é aqui, nesse parágrafo que volto a 
olhar para o chão. 
Terra a vista! 
Grito com o que me resta da voz, já 
diferente de quando comecei a gritar.
Mas ao mesmo tempo me sinto ancorado em meio ao mar rodeado de surpresas
 e
instabilidade. E tenho de admitir que isso me excita. 
O quanto de voz é
necessário para uma vida, ontem a minha era de um menino rouco, hoje 
apena
rouco, e mais rouco me vejo perseguido por um homem que se reflete em 
todos os
espelhos. Quanta dor é necessária para que exista o amor? 
E entre amores
 diurnos e efêmeros, me encho de
placebo noturno de luzes incandescentes, para que as imagens de agora 
perdurem,
e façam algum sentido, mesmo com os olhos furados, dia após dia, um 
sorriso de canto, meio
sem jeito, meio sem jeito e meio. E faço questão de levar comigo os 
olhares perdidos dos novos
perseguidos futuros. Ah, se eu pudesse agradecer um por um por cada 
lágrima, ruga... Mas
meus futuros filhos um dia o farão. Enquanto isso, eu apenas me atiro,
voltando o meu mastro para o lugar mais fundo e incerto. 
E novamente me
excito... Sempre de olhos fechados. E gritando sempre, e sempre, cada 
vez
mais rouco, rouco... Homem ao mar! 
E aqui sempre me resgatam. E aqui eu 
agradeço com mais
um sorriso e meio. 
Que os dias felizes perdurem! 
 




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 
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