A Estrada (2009)

Este filme é de 2009 e nunca tinha visto. Eu sou muito fascinado por filmes apocalípticos e pós-apocalípticos então resolvi falar sobre A Estrada. 

O mundo foi destruído há mais de 10 anos, mas ninguém sabe o que exatamente aconteceu. Como resultado, não há energia, vegetação ou comida. Milhões de pessoas morreram, devido aos incêndios, inundações ou queimadas que se seguiram ao cataclisma. Neste contexto vivem um pai (Viggo Mortensen) e seu filho (Kodi Smit-McPhee), que sobrevivem de quaisquer alimento e vestuário que conseguem roubar. Apesar dos contratempos, eles seguem viagem pela estrada, sempre rumo ao oeste dos Estados Unidos.

O Filme apresenta atmosfera de decadência e depressão intensa e constante. No filme, a maioria das pessoas que sobreviveram optaram pelo suicídio. E o tirar a própria vida está sempre presente como uma opção compreensível e aceitável, diante das circunstâncias. Numa cena, o pai (Mortensen) ensina ao filho como dar um tiro corretamente na própria boca, a fim de aproveitarem as únicas duas balas que lhes restam.

A primeira imagem do filme é o rosto de Charlize Theron. Naquele momento, ela está grávida e ouve algo vindo do lado de fora da casa, onde só se vê escuridão. O marido acorda desse sonho, que se confunde com as memórias. Sonhos e memórias são da mesma família, afinal. O que é mais doloroso? Ver a rotina de luta por sobrevivência de pai e filho sozinhos em busca de comida e rumando para o litoral sul, onde talvez ainda haja alguma vida, ou ver os poucos momentos de angústia intensos onde aparece Charlize Theron? 

Enquanto isso, pai e filho precisam lidar com homens hostis, alguns deles adeptos do canibalismo, prática comum em tempos desesperadores, de falta de comida. O interessante é que em momento algum o filme conta como foi que se deu a destruição do planeta. O que, de certa forma, contribui para o filme, dando-lhe um ar misterioso e instigante.
O silêncio muitas vezes predomina, mas há também a trilha sonora melancólica de Nick Cave e Warren Ellis, que torna o drama dos personagens ainda mais angustiante. O personagem de Mortensen impressiona pela obstinação, pela busca pela sobrevivência a qualquer custo, por mais que a fome doa até a alma e o corpo fragilizado por uma doença seja mais um empecilho.

As imagens do passado que teimam em voltar são mais um tormento do que um alento. Uma cena, por exemplo, como a que mostra ele tocando as pernas de Charlize num teatro são um exemplo de um momento especial que a vida um dia pôde proporcionar. Por isso, quando o garoto diz que gostaria de estar com a mãe, ele fala que o menino não deveria ficar pensando nessas coisas. É seguir em frente, esquecer o passado e olhar para o futuro. Ele, muito mais do que o garoto, sabe o que perdeu.

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@flahvioh