O que achei da Segunda temporada de Sense8

FINALMENTE a segunda temporada de Sense8 foi liberada na Netflix. Se você não estava em outro planeta, claro que você já ouviu falar da serie, por ter o Poncho Ex-RBD no elenco, ou por todas as cenas ousadas que ela apresenta.

E se você não sabe, eu lhe apresento. Sensse8 é uma série original da Netflix dirigida, escrita e produzida pelas irmãs Wachowski; portanto, é uma série delas, imaginada por elas e feita para nós, e que talvez por esse controle quase que inexistente em filmes de grande orçamento de Hollywood, ela seja bem sucedida em seu teor de diversidade e de histórias entrelaçadas - coisas que requerem um desenvolvimento e uma liberdade bem maior, complexidade esta que foi experimentada em "Cloud Atlas", um filme que conta seis histórias que se entrelaçam do século XVIII até o futuro pós-apocalíptico.

Mas aí você lembra: "peraí, irmãs Wachowski?". Sim eu sei. Se você se atentou aos créditos de Matrix os dois ERAM os irmãos Andy e Larry Wachowski, mas anos após em 2012 e 2016 respectivamente se assumiram transgêneros. Portanto, esta mistura gráfica ganha tons ainda mais filosóficos e libertários tornando "Sense8" uma série sobretudo de "conexão". Um casamento perfeito de quem quer com quem gosta.

Como praticamente uma série autoral, Sense8 desde sua criação se propõe a tratar sobre a diversidade, passando pela fotografia simplesmente linda das diferentes cores abordadas em diferentes locações do mundo (da alaranjada Nairóbi de Capheus, passando pelo colorido de Lito, até a cinzenta Seul de Sun) até mesmo a diversidade de seus próprios personagens, que se conectam tão bem quanto a série mostra.

É impossível não se ver conquistado pela empatia de cada um, através de seus problemas propostos e pela abordagem do texto das Wachowski conectados com as mazelas do mundo atual. Sim, em vários momentos a didática exagerada sobre estes assuntos realmente pesa tal qual as frases de efeito utilizadas, porém, é disso que o mundo é feito. Sense8 é "feito" para todos, mas as aspas são direcionadas a família brasileira que defende as morais e tenta destruir os valores humanos de quem é humano; então se o mundo é feito de frases de efeito, que seja. Os problemas devem serem simplificados tanto quanto as diferenças realmente devem serem tratadas com indiferença.

Como bem disse Capheus em sua reviravolta até surpreendente: "Nada de bom acontece quando as pessoas se importam mais com as diferenças do que com o que temos em comum". A união faz a força aqui e é realmente legal quando isso acontece.

Bom, a série em seu segundo ano tem um desenvolvimento de história em comum com maior foco do que a primeira temporada teve, o que trouxe a série o potencial de uma ficção científica que andava escondida atrás de seu próprio nome, claro que sem esquecer dos relacionamentos que movem o que a série é. Como de Nomi (Jamie Clayton) com Amanita (Freema Ageyman), Lito (Miguel Angelo Silvestre) com Hernando (Alfonso Herrera) e Daniela (Érendira Ibarra), Will (Brian J. Smith) com Riley (Tupence Middleton) ou Wolfgang (Max Riemelt) com Kala (Tina Desai).

A ideia de empatia mesclado a filosofia que seu nome traz por pessoas em diferentes partes do mundo serem capazes de se conectarem através das sua consciência ou até mesmo "tomarem" seu corpo lhe dando habilidades que você não tem (como a de dirigir que Capheus (Toby Onwumere) proporciona a Sun (Doona Bae) e vice-versa quando este precisou dar uma de Van Damme na primeira temporada), ganha um tom mais científico quando os sensates são introduzidos habilidosamente ao longo da história como uma espécie de humanos escondida, quase que mutantes, e reproduzindo a caçada da organização OPB através de Milton/Sussurros (Terence Mann) que assume uma pele de Hannibal Lecter, tão misterioso quanto calculista (um vilão nota dez que nem sabemos de fato se é vilão mesmo), no mesmo passo de que o Will é aquele que move todos os sensates gerados por Angelica (Daryl Hannah) buscando esse esclarecimento sobre sua criação e a corrupção que se sustenta sempre através das diferenças.

Baseado nisso, a verdade é que "Sense8" continua trilhando exatamente o mesmo caminho da sua primeira temporada não abrindo mão de sua trama "guarda-chuva" e nem da critica ao puritanismo, ao mesmo tempo que as Wachowski nos lembram como elas são imbatíveis na filmagem de cenas de luta e ação. "Sense8" talvez ganhe status com muita gente por não ter pudor algum em diversas cenas mais quentes ao longo das temporadas, mas a série se propõe a ser muito mais que isso numa trama intrincada típica de um sci-fi e "Wachowskiana" para cada um de seus personagens. Trama essa às vezes confusa e desafiadora, mas que se sempre se resolve no final dando uma perspectiva de satisfação para uma terceira temporada.

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@flahvioh